Todos os orixas

Todos os orixas

Para seguidores da religião

Dedicado a todos da religião afro brasileira
contendo muitos ensinamentos, cantigos e rezas de diversas
nações.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

JOGO DE BÚSIOS

O ser humano sempre questionou o motivo de sua estadia sobre a terra e, principalmente ,o mistério que envolve o seu futuro. A insegurança e a curiosidade em relação ao futuro fez com que o homem tentasse, de diferentes maneiras prever o que lhe estava reservado, vindo a se precaver de todos os tipos de maléficos, como pôr exemplo, a má sorte, dificuldades amorosas, sociais, financeiras e outros, sendo assim o homem assegurava para si a certeza da efetivação dos diferentes acontecimentos benéficos.


Podemos encontrar muitos sistemas oraculares existentes com esta finalidade acima citada, não importando a origem dos sistemas nem a sua filosofia de estudo, aprendizado ou execução, todos se concentram em único significado que é encontrar os melhores métodos para prevenir ou ainda remediar situações maléficas, trazendo assim um alívio imediato para a pessoa e ou sua comunidade ou família.
Quase todos os oráculos, independente de sua origem cultural, absorvem uma tendência a alguma tipo ou aspecto religioso, vindo sempre a sugerir ou indicar um certo tipo de ritual ou prática religiosa, de caracter e aspectos muito mais, ou ainda quase que completamente, místicos do que científicos.

Em particular no Brasil, o sistema mais conhecido, pelo fato de sua ampla divulgação e fácil acesso a interpretação dos conhecimentos e execução é o jogo de búzios, que tem origens totalmente africanas, embora muitas das mesmas, feliz ou infelizmente, adaptadas ou ainda modificadas em nosso país. Mais especificamente falando essas origens não só são africanas como são de origem do culto à Òrúnmìlà, que nos permite exercer tal função através das interpretações dos Odù, esses estão totalmente ligados aos seres humanos e aos òrìsà, ou ainda podemos dizer que os diferentes Odù juntamente de Èsù e Ifá são os meios pelo qual o homem pode vir a ajustar e melhorar a sua vida terrena e espiritual.
A nossa cultural assimila de forma notável os costumes de origem africana, que foram trazidos até nós pôr intermédio dos escravos e de maneira brutal e trágica durante diversos séculos.
De maneira geral, podemos dizer que a música, a culinária, a maneira de agir e pensar do brasileiro demonstram de forma inequívoca a influência africana aqui exercida, que não poderia deixar de ser verificada também, na postura estabelecida por nós diante das religiões, quando independente de sua opção ou credo, adotamos sempre uma atitude pautada num certo profundo misticismo.
Para o brasileiro e também para o africano, não cai uma folha de uma árvore sem que para isto não haja uma determinação espiritual ou um motivo de fundo religioso.
As forças superiores a nós são sempre solicitadas para a solução de problemas do cotidiano, e seja qual for a religião cultuada pela pessoa, a prática da magia é sempre adotada em busca das soluções, mesmo que esta prática "mágica" seja mascarada pôr outro nomes em diferentes tipos de crenças.
O presente trabalho consiste em ser uma proposta totalmente didática e básica ao conhecimento e estudo do oráculo africano ligado ao oráculo dos búzios, que é feito através da interpretação dos segredos contidos nos diferentes Odù.
Qualquer pessoa pode aprender e conhecer o oráculo dos búzios africano, que nada mais é do que conhecer os segredos contido nos Odù, porém somente os iniciados e consagrados podem realmente ter acesso a prática do oráculo.
Os Odù demonstram as diversas tendências da pessoa e dos acontecimentos que surgirão na vida da mesma, os Odù podem também estar direta ou indiretamente ligado aos sonhos, devendo sempre o sacerdote perguntar ao consulente a respeito de sonhos recentes a data da consulta, e no instante em que o consulente estiver descrevendo o/os sonhos deve-se prestar bastante atenção, pois podem apresentar-se diversos detalhes em comum entre os sonhos e estes poderão ajudar na solução do problema da pessoa, seja na criação de um ebo ou em atitudes a serem tomadas.
Os odù que utilizamos para o oráculo dos búzios é a interpretação dos 16 principais odù, que nada mais são do que 16 caminhos interligados um com o outro, ou seja o primeiro caminho está interligado com todos os demais 15, e é pôr este motivo que em, determinadas situações não é somente um odù que se apresenta para resolver o problema da pessoa, ou seja aquele determinado problema está sendo causado pôr diversos motivos, sendo assim o mesmo exige diferentes soluções, porém todas interligadas.
Quando agora a pouco comentamos que o oráculo dos búzios é a interpretação dos 16 principais odù, estamos realmente afirmando que estamos estudando referente os 16 primeiros e principais odù enviados à terra pôr Òrúnmìlà, e que desses 16 principais foi dado origem à 256 omo odù (odù filhos), e que hoje já podemos dizer que existem cerca de 4098 odù do método de interpretação de Ifá.
Todo odù está ligado a diversos òrìsà, porém aquele òrìsà que se apresentar primeiro em um determinado odù, será ele um dos responsáveis direto à solucionar o problema do consulente.



Abaixo iremos relacionar os 16 principais odù que começaremos a estudar com mais afinco:



1. ÒKÀNRÀN
2. EJÌOKO ou OYÈKÚ
3. ÉTAÒGÚNDÁ ou ÌWÒRI
4. ÌROSÙN
5. ÒSÉ
6. ÒBÀRÀ
7. ÒDÍ
8. EJÌONÍLE ou EJÍOGBÈ
9. ÒSÁ
10. ÒFÚN
11. ÒWÓNRÍN
12. EJÍLÀSEGBORA ou ÒTÚRÁ
13. EJÍOLOGBÓN ou ÒTÚRÚPÒN
14. ÌKÁ
15. OGBÈÒGÙNDÁ ou ÒGÙNDÁ
16. ÌRÈTÈ ou ALÁFIA



Esses últimos quatro odù são muito pesados quanto ao seu lado negativo devendo sempre tomar muito cuidado na sua interpretação, e principalmente na criação e execução de seus ebo, até mesmo o 16º odù que normalmente traz notícias esplendidas e excelentes, vindo aparecer em um determinado jogo em uma situação negativa pode passar a trazer um recado muito perigoso ao consulente.



Esses quatro últimos odù estão completamente ligados à feitiços, doenças, tragédias, dramas, etc., porém os mesmos também podem se apresentar de maneira completamente positiva, podendo depender também da combinação dele com os demais e da sua colocação e situação no jogo em questão Existe também aqueles odù que podemos chamar de confirmativos, que são os odú 4, 6, 8, 10 e 12, porém é de nossa inteira obrigação mencionar que esta observação depende não só da situação, colocação e combinação no jogo, mas também da ligação do sacerdote com Ifá referente esses odù e suas interpretações em relação ao sistema divinatório, pois Ifá com certeza sabe o que se passa na cabeça do sacerdote e do consulente no momento da pergunta para assim poder fornecer a sua devida resposta.



Deve-se ter no momento do jogo toda uma concentração e total interação com os elementos que determinam o mesmo, isto feito com certeza o sacerdote alcançara a sensibilidade de visualizar e pressentir no decorrer do jogo quando que realmente um odù traz um recado de solução do problema da pessoa através de caminhos de ebo ou qualquer outro tipo de sacrifício, alguns problemas que surgem na vida das pessoas estão realmente marcados para acontecerem, e se fizermos alguns trabalhos para modificarmos o rumo da situação poderemos fazer com que o consulente venha a ser prejudicado no futuro, pôr isso a importância de se cultuar o orì, muitas vezes, diríamos até na maioria dos casos vale-se muito mais um egborì (cerimonia de adoração a cabeça) do que um ebo, adímu ou etutu.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Orí

Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite


Ori é o deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é.
Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele q pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (céu, ou mundo exterior).
Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme em um mero espelho do orixá. À cerimônia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = comer, ori = cabeça => dar comida para a cabeça, fortalece-la).
Um dos mitos sobre Ori diz que ele pode depois de enterrado voltar ao orum, levado por Nanã ou Ewá.
Diz este mito q um dia Ori percebeu q era o momento de nascer outra vez e foi falar com Olorum, o Universo, solicitando permissão para nascer na mesma família em que havia nascido antes. Olorum permitiu, com a condição de q apenas ele, Olorum, pudesse conhecer o dia de sua morte, sem que Ori pudesse opinar sobre esta questão. E que o destino de Ori só pudesse ser mudado quando Ifá fosse consultado".
Esta Divindade não tem características estéticas pois não provoca transe, é o sistema oracular própriamente dito, o tradutor de Òrunmìlá. Apenas é cultuado juntamente com os orixás, é próprio do culto à Orunmilá, o vice Deus!



Orí é cultuado como Divindade e é única e individualizada, devendo ser cultuado e tratado.

Texto extraido do Livro: Búzios a Interpretação dos Segredos

Autores: Nelson Pires Filho e Fábio Escada

Ed. Madras

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CULTO À ORUNMILÁ

A importância de Òrúnmìlà é tão grande que chegamos a concluir que se um homem fizer algum tipo de pedido ao todo poderoso Olòrún ( Deus, o Senhor dos Céus), esse pedido só poderá chegar até Ele através de Òrúnmìlà e ou Èsù, que são somente eles dois dentre todos os òrìsà os que têm a permissão, o poder e o livre acesso concedido pôr Olòrún de estar junto a Ele, quando assim for necessário.
Ainda vale ressaltar que somente Òrúnmìlà e Èsù possuem para si um culto individual, onde são feitos adorações totalmente específicas para os mesmos, também são eles os únicos que podem possuir para somente o seu culto um sacerdote específico.
Isso só é possível pôr causa dos poderes delegados pelo todo poderoso a eles, pois os demais òrìsà são totalmente dependentes de Ifá e Èsù, enquanto que eles não dependem de nenhum dos òrìsà para desenvolverem sua própria evolução, ou seja, o culto à Ifá e Èsù não dependem do culto aos òrìsà, entretanto o culto aos òrìsà dependem totalmente de Ifá e Èsù.
Òrúnmìlà é o senhor dos destinos, é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olòrún, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes do àiyé e do òrún, é o regente responsável e detentor dos oráculos, foi quem acompanhou Odùduwà na criação e fundação de Ilé Ìfé, é normalmente chamado em suas preces de:

¨ Elérí Ìpín "o testemunho de Deus''

¨ Ibìkéjì Olódúmarè "o vice de Deus

¨ Gbàiyégbòrún "aquele que está no céu e na terra"

¨ Òpitan Ìfé "o historiador de Ìfé"

Acredita-se que Olòrún passou e confiou de maneira especial toda a sabedoria e conhecimento possível, imaginável e existente entre todos os mundos habitados e não habitados à Òrúnmìlà, fazendo com que desta forma o tornasse seu representante em qualquer lugar que estivesse.
No àiyé Olòrún fez com que Òrúnmìlà participasse da criação da terra e do homem, fez com que ele auxiliasse o homem a resolver seus problemas do dia a dia, também fez com que ajudasse o homem a encontrar o caminho e o destino ideal de seu orì. No òrún lhe ensinou todos os conhecimentos básicos e complementares referente todos os òrìsà, independente de serem Irúnmolè, Imolè, Ebora, Onílè, Ìyámi Àjé ou Égúngún , pois criou um elo de dependência de todos perante Òrúnmìlà, todos devem consulta-lo para resolver diversos problemas, com pôr exemplo, a vinda de Òrìsànlá à terra para efetuar a criação de tudo aquilo que teria vida na mesma, porém o grande òrìsà não seguiu as orientações prescritas pôr Ifá, e não conseguiu cumprir com sua obrigação caindo nas travessuras aplicadas pôr Èsù, ficando esta missão pôr conta de Odùduwà.
Também Òrúnmìlà fala e representa de maneira completa e geral todos os òrìsà, auxiliando pôr exemplo, um consulente o que ele deve fazer para agradar ou satisfazer um determinado òrìsà, obtendo desta forma um resultado satisfatório para o òrìsà e para o consulente.
Òrúnmìlà sabe e conhece o destino de todos os homens e de tudo o que têm vida em nosso mundo, pois ele está presente no ato da criação do homem e sua vinda a terra, e é neste exato instante que Ifá determina os destinos e os caminhos a serem cumpridos pôr aquele determinado espírito.
É pôr isso que Òrúnmìlà tem as respostas para toda e qualquer pergunta lhe é feita, e que ele têm a solução para todo e qualquer problema lhe apresentado, e é pôr esta razão que ele têm o remédio para todas as doenças que lhe forem apresentadas, pôr mais impossível que pareça ser a sua cura. Desta forma todos nós deveríamos cultuar Òrúnmìlà e Ifá, pois felizes aqueles que a ele adoram e veneram como sua entidade e fonte de energia e sobrevivência, sendo assim com certeza poderemos alcançar a sorte, a felicidade, a inteligência, a sabedoria, o conhecimento, enfim, o seu destino ideal juntamente de seu equilíbrio.
Todos nós deveríamos consultar Ifá antes de tomarmos qualquer atitude e decisão em nossas vidas, com certeza iríamos errar menos, os Yorubás consultam Ifá antes de tomarem qualquer decisão, com pôr exemplo, antes de um casamento, antes de um noivado, antes do nascimento e até mesmo na hora de dar o nome a criança, antes da conclusão de um negócio, antes de uma viagem, etc.
Além disto tudo, Òrúnmìlà é também quem tem a vida e a morte em suas mãos, pois ele é a energia que esta mais atuante e mais próxima de Olòrún, podendo ele ser a única entidade que tem poderes para suplicar, pedir ou implorar a mudança do destino de uma pessoa.

Texto extraido do Livro: Búzios a Interpretação dos Segredos

Autores: Nelson Pires Filho e Fábio Escada

Ed. Madras